segunda-feira, 15 de novembro de 2010

THE ECOLOGY CENTER

ESTRATÉGIAS PARA SALVAR O PLANETA
texto publicado na revista LEVEL, outubro 2010
por Manu Scarpa



AGRICULTURA ORGÂNICA


O alimento orgânico é muito mais que um produto sem agrotóxico, é resultado de um cultivo consciente que procura equilibrar todos os recursos naturais. Segundo uma análise realizada pela Universidade de São Paulo (USP), esses alimentos podem conter até cinco vezes mais proteínas e vitaminas que os produzidos na forma convencional. Mas escolher produtos orgânicos vai além do cuidado com a saúde. Essa escolha contribui também para a preservação do meio ambiente.

Um estudo divulgado pelo Journal of Agriculture and Environmental Ethics calculou que somente 0,1% dos pesticidas aplicados nas plantações alcançam o alvo, ou seja, as pragas. Os outros 99,9% tem impacto na terra e nas plantas. O princípio da agricultura orgânica é eliminar qualquer processo químico e utilizar apenas métodos naturais de adubação e controle de pragas. O resultado são alimentos mais saudáveis e um solo protegido para futuras gerações.

O padrão agroalimentar que utiliza insumos químicos teve inicio após a Segunda Guerra Mundial e tinha como objetivo produzir muito e barato. Esse sistema funcionou bem para suprir as necessidades econômicas dos países envolvidos no conflito. No entanto, quantidade não garante qualidade e o uso de agrotóxicos começou a ser questionado por especialistas e consumidores.

De acordo com a Secretaria do Comércio Exterior, entre 2006 e 2008 o Brasil exportou aproximadamente 30 mil toneladas de produtos orgânicos, desde café, passando por açúcar, frutas, derivados de soja, entre outros. O mercado mundial de orgânicos movimenta cerca de US$ 23,5 bilhões de dólares por ano e inclui produtos frescos, processados, industrializados e até artigos pessoais produzidos com matéria prima obtida de maneira orgânica. Japão, Suíça, União Européia, Austrália e Brasil são países que já adotaram programas e padrões para regular essa atividade.

Nos Estados Unidos esse movimento também ganha força a cada ano. De acordo com o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA), a exigência do consumidor cresceu 20% anualmente desde 1990. Em 2005 foi a primeira vez em que todos os 50 estados cultivaram algum algum produto orgânico registrado. É comum hoje encontrar feiras de rua onde pequenos produtores vendem frutas e verduras de produção própria. Os preços ainda estão longe de competir com os grandes supermercados, mas os benefícios para quem consome são incomparáveis.


THE ECOLOGY CENTER


Em San Juan Capistrano, cidade situada no sul da Califórnia, existe um centro de educação ecológica (The Ecology Center) que ensina teoria e prática de como viver em harmonia com o espaço natural que nos rodeia. A sede é localizada na casa de madeira mais antiga da cidade, conhecida como Congdon House por pertencer a um antigo cavaleiro chamado Joel Congdon. Ele construiu a casa para sua família em 1878, onde viveram muitas gerações. Recentemente o governo municipal comprou a casa como forma de preservar a história de San Juan Capistrano.

Hoje, 130 anos depois, o Centro de Ecologia deu um novo sentido para esse patrimônio histórico. A casa mantém suas características originais e tem um amplo espaço verde ao redor onde existe uma admirável plantação orgânica com os mais variados tipos de verduras e legumes. A fazenda existe desde 1950 e a partir de 1988 o produtor George Kibby passou a desenvolver agricultura orgânica. Hoje existe um programa que distribui alimentos frescos para 400 famílias da região. E foi o mesmo George que sugeriu e apoiou a formação do centro de ecologia neste espaço.


O centro foi criado em 2008 pelo agroecologista Evan Marks, que deseja um dia ver a agricultura moderna integrar-se com o sistema de cultivo orgânico. Para isso, ele faz a sua parte. Ensina pequenas atitudes que, inseridas no dia a dia, tem poder transformador. Um dos programas oferecidos pelo Centro é conhecido como Backyard Skills, ou Habilidades no Quintal. São dicas simples para tornar sua casa sustentável. O programa ainda inclui módulos de como fazer cerveja orgânica, design de jardim, como construir um sistema de compostagem, produtos de limpeza caseiros, entre outros.

Evan estudou Agroecologia na University of California, em Santa Cruz. Aplicou e ampliou seus conhecimentos também no Hawaii, Costa Rica, Peru, México, Gana e Nigéria, onde adquiriu experiência sobre design ecológico e agricultura sustentável. Hoje, como diretor executivo dessa organização sem fins lucrativos, ele promove ações para conscientizar a comunidade sobre problemas ambientais e soluções que estão ao nosso alcance.

O mais recente projeto é a exposição "Splash! How Good Water Works", criada para inspirar a reflexão sobre o mais precioso recurso natural: a água. Em parceria com a Hurley H2O e Zago, a exposição é gratuita e interage com os visitantes para mostrar a quantidade de água que um cidadão do sul da California consome diariamente. São mais de 1.800 galões (quase sete mil litros) envolvidos em atividades que utilizam água direta e indiretamente, desde escovar os dentes até apertar o interruptor para acender a luz. O foco da exposição – e do Eco Centro como um todo – é encorajar mudanças de comportamento.

Os bons exemplos estão por toda parte e nos Estados Unidos não é diferente. O conceito de alimentação está mudando aos poucos e é nosso papel apoiar e difundir ações que enxergam o homem e o meio ambiente como um só. "Desafie sua comunidade, projete uma solução envolvendo você e seus amigos, sinta paixão por fazer a diferença. We are part of the solution!", propõe Evan.

Para saber mais visite o site www.theecologycenter.org.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

revista level :: high content

Floripa precisava de uma revista assim. O próprio nome diz tudo. Outro level, outro nível, conteúdo de qualidade e muito bom gosto.
A frente do projeto está o publicitário Paulo Sperb Sefton, que já tem no currículo vários anos de experiência com direção de revista.
A level é grátis e já está circulando nas ruas e nos melhores points da ilha.

Primeira edição da revista level :: agosto 2010

Coquetel de lançamento da edição #01 :: Santa Maria Casa, SC 401

Segunda edição da revista level, outubro 2010 :: cada vez melhor

Coquetel para o lançamento da revista #02 :: Estação 261, Jurerê Internacional

level :: high content
EDITOR paulo sperb sefton
DIRETOR DE FOTOGRAFIA bruno maya
JORNALISTA RESPONSÁVEL manu scarpa
PROJETO GRÁFICO guilherme rosa
TIRAGEM 5.000
CONTATO levelrevista@gmail.com

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A pequena gigante

texto publicado no site waves, outubro 2010
por Manu Scarpa
fotos Marcelo Bolão

A pequena San Clemente, litoral sul da Califórnia, é considerada grande quando o assunto é o potencial das ondas. Com pouco mais de 65 mil habitantes, a última cidade do território Orange County recebe surfistas do mundo inteiro que fazem a cabeça nos diversos surf points que a região oferece. É lá que também estão localizados os escritórios das revistas norte-americanas Surfer, Surfing e Surfer's Journal.

A cidade respira surf. Basta andar na rua para sentir vontade de remar pro outside. Para quem procura paz e sossego, o clima tranquilo e o espírito de comunidade tornam este lugar ainda mais acolhedor. A vida noturna não oferece muitas opções, então a dica é acordar cedo para uma session logo pela manhã. Em setembro esse cenário muda um pouco quando San Clemente recebe uma das etapas do World Tour, a sexta do calendário da ASP. O evento é realizado em Lower Trestles, delírio de qualquer amante das ondas. Para chegar até a praia a caminhada é longa, mas quando o assunto é surf de qualidade todo esforço vale a pena.


Caminho para uppers, Trestles.

A temporada de verão no hemisfério Norte já terminou e registrou poucos dias de sol e calor. Em compensação, o comentário geral é de que este foi o ano com as melhores ondas durante a estação mais quente. San Clemente está na mira de swells de várias direções, mas sua localização é privilegiada para a ondulação de sul, sempre mais constante no verão.

De passagem pela Califórnia, o surfista profissional Vini Fornari resolveu fugir do frio do inverno no Rio Grande do Sul e aproveitou para fazer boas imagens enquanto treina para as competições. "Acho San Clemente um lugar especial. Ainda mais irado por ser o berço da onda mais famosa e desejada da Califórnia: lisa, tamanho ideal para qualquer tipo de manobra, longa e forte. Os bares e restaurantes da região sao todos muitos style, a maioria da galera que você vê nas ruas pega onda".

Vini Fornari, explosão em Trestles

Em companhia do amigo e também surfista profissional Michel Flores, os dois aproveitaram bons momentos durante o verão da Califa. Michel é natural de Balneário Camboriú, mas mora em San Clemente desde 2003. A principal razão da mudança com certeza foi a frequência das ondas em Trestles, onde ele pode checar o pico de bicicleta em apenas cinco minutos. Lugar perfeito para manter o ritmo entre os campeonatos que rolam no Sul da Califórnia.

Michel Flores na vertical

Em um desses abençoados fins de semana com sol e onda, Vini e Michel nao disperdiçaram tempo e literalmente passaram o dia inteiro dentro d'água. O resultado você vê nas fotos de Marcelo Bolão que ilustram essa reportagem.

State Park, pico sempre constante

Trestles para os dois lados

Amtrak train, pela costa da Califórnia de San Diego até San Francisco

T-street, clássico surfpoint crowdeado

San Clemente Pier, cartão postal


Clique aqui para ver a matéria no site waves.com.br

terça-feira, 7 de setembro de 2010

SOUL GIRLS :: entrevista


Por Carol Lucena :: Agosto 2010
Clique aqui para ler a entrevista completa

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

OUTRA CULTURA :: Entrevista A. Morelli



Entrevista para revista LEVEL: Alexandre Morelli
por Manu Scarpa

Floripa foi seu ponto de partida para o mundo. Não apenas literalmente, mas também o mundo da arte, da poesia e da fotografia. Alexandre Morelli nasceu e cresceu em Florianópolis, mas atualmente mora na Califórnia, Estados Unidos. No total já são oito anos longe da Ilha, que será sempre a sua casa. Frequentador da praia da Joaquina e filho de um dos ídolos dos torcedores avaianos na década de 60 - o centro-avante Coronel Morelli -, Alexandre segue o movimento que ajudou a criar: Outra Cultura. Um artista que coloca seus sentimentos em tudo o que faz. Ama surfar e faz do oceano foco de suas lentes. Escreve seus pensamentos num papel para tentar mudar o mundo, porque acredita que cada um tem que fazer a sua parte. Em San Diego onde mora, Morelli conversou com a revista LEVEL sobre a arte que ajuda a divulgar seu movimento cultural. São desenhos exclusivos pintados a mão ao longo da madrugada. Você vai conhecer agora a história além dessas camisetas que, com muito estilo, refletem sua maneira de pensar.

Morelli fotografando em Windansea, San Diego CA

Como e quando começou a estampar camisetas?
Comecei a pintar camisetas com 13 anos de idade. Minha primeira marca se chamava "Crazy Wave". Fiquei anos sem pintar e há dois anos atrás essa idéia voltou na minha cabeça. Como eu tinha criado um movimento artístico chamado "Outra Cultura" alguns anos antes, percebi que poderia divulga-lo através das camisetas.

Qual material você usa?
Basicamente qualquer roupa de algodão, hemp ou bambu e tinta dimensional para tecidos.

O que te inspira para criar os desenhos?
Surf, música, pessoas, culturas, lugares, artistas... Bem dizer tudo que passa diante dos meus olhos e chama minha atenção por algum motivo.

Quais artistas te influenciam?
Pessoas me influenciam mais que artistas em si. Rodrigo Viegas, Dada Figueiredo, meu irmão mais novo Guto Morelli, Andre Negão (in memoriam), Break e Neco Padaratz são amigos que fazem parte dessa lista. Mas existem inúmeros artistas underground de alta qualidade que posso citar. Roy Gonzales, Andy Howell, Shepard Faire, Nathan Fletcher, Dustin Huphrey. A obra "Guernica" de Pablo Picasso, em especial, é muito inspiradora.

Você criou o movimento Outra Cultura? Como e onde surgiu?
Surgiu no comeco da decada de 2000 na California, e não sei bem porque. Acho que foi uma porta que eu abri para deixar aflorar novas idéias que estavam acumulando na minha cabeça. Foi quando, juntamente com Isabela Pinto, nasceu a idéia de fazer o livro "Transcendendo Estereotipos", que vai ser lancado em breve no Brasil com outro título.



O que é o movimento "Outra Cultura"?
O movimento Outra Cultura é uma rede de trabalho formada por agitadores globais. Artistas, surfistas, idealistas, neo-liberais, poetas, filósofos, clubbers, fotógrafos, viajantes. Nossa meta é abalar as estruturas e fazer com que a maioria re-pense sobre o jeito de viver nesse novo milênio. Nós queremos mudar a maneira como as informações circulam. Nós queremos paz. Queremos mudar o jeito de se alimentar, inventar moda. Mudar as agendas, eliminar rotinas. Acima de tudo, este movimento quer mudar o jeito que interagimos com os meios de comunicação de massa, e o que isso representa na nossa sociedade.

Como você define sua arte?
Anarquista dentro de um novo Renascimento. Ou algo como "Paxionismo".

Quem são os clientes?
Todas as pessoas para quem pintei uma camiseta são especiais para mim independente de ser famoso ou não. Neco Padaratz, Agobar Jr., Saulo e Xande Ribeiro, Xandinho Fontes, Guto Morelli, Guruba, Felipe Malta, Pinho Menezes, Manu Scaarpaa, Ana Vicente, meu afilhado Zion Padaratz, Marina Furlan, Andy Nakamura, Jeremy Black, Debora Serrano, Lorraine Medeiros, Ana Cardoso entre muitos outros.

O que voce começou a fazer primeiro: foto, poesia ou desenho? Em que sequência?
Comecei desenhando desde de que me dei conta que era gente. Com 3 anos de idade meus desenhos já impressionavam. Ganhei vários concursos quando ainda estava no primário. Na adolescência veio a poesia, e com 18 comecei a escrever um livro sobre uma maneira diferente de ver a vida. Depois comecei a filmar, filmava surf todos os dias na praia da Joaquina. Tenho muito material de varios surfistas profissionais no final da decada de 90, como Neco Padaratz, Guga Arruda, Rodrigo Viegas, Fabricio Machado, Marco Polo, Andreas Eduardo. Em 2001, quando me mudei pra California, comecei a fotografar inspirado pelo Neco - que na epoca me emprestou uma câmera Minolta com uma lente de 300mm. Desenhei também muitas tatuagens para várias pessoas e pintei telas para decoração de festas de música eletrônica.

Quem é Alexandre Morelli?
Um Zé Ninguém. Um louco que mau consegue viver em sociedade. Um artista/surfista da praia da Joaquina que saiu pelo mundo para ir atrás daquilo que não sabe bem o que é, mas sabe que é dele.

Por que Califórnia?
Boa pergunta. Nem eu sei. Acho que é meu destino. Eu morei na Nova Zelândia, Austrália e Indonésia antes de mudar para cá. Eu ouvia histórias, via nas revistas e filmes, mas acho que o maior incentivo foi quando meu grande amigo Break se mudou pra Califórnia.

Para você, qual a diferença entre Floripa e Califa?
O meu mundo parece ficar mais amplo na Califórnia. Mais oportunidades e mais acesso a tudo. Mas em Floripa é onde estão minhas raízes, onde eu nasci, cresci. Onde eu tenho meus imóveis. Onde eu tenho minha família e meus amigos. E isso é mais importante do que qualquer outra coisa no mundo.

Depois de oito anos longe de Floripa, qual é a sua impressão?
Muita saudade da Ilha, mas um receio de voltar e não encontrar aquilo que eu deixei para trás. Todo mundo que vem me visitar diz que já não é mais a mesma coisa, que a Ilha perdeu sua identidade.

Você tem um blog, como faz para alimentar seus leitores de Floripa e da Califa ao mesmo tempo?

Tenho seguidores no Brasil que reclamam quando escrevo em inglês. É difícil agradar todo mundo. Mesmo porque eu não faço o blog pra agradar ninguém. Já pensei em traduzir os textos, mas perde a essência.

Como fotógrafo, qual sua característica principal? O que gosta de fotografar?
Eu não gosto do mundo digital. Sou mais orgânico. Custe o que custar prefiro usar rolo de filme. Também não gosto muito do auxílio de flashes e tripés. Quanto mais cru, melhor. Fotografia é luz e cor. Se se o filme for preto e branco, é pura luz. Fotografar surf é posicionamento e concentração máxima. Eu gosto muito de trabalhar com lente de 300mm e poucas vezes sinto falta de 600 ou 800mm.

Qual seu diferencial?
Não sei. Talvez o jeito que eu vejo as coisas. Talvez seja o equipamento errado para determinadas situações. Ou talvez seja o meu jeito de ser, fazendo tudo da minha maneira, mudando a ordem certas das coisas para fazer os outros re-analisarem as regras.

Quantos livros ja produziu?
Ja produzi vários livros, mas pra ser publicado comercialmente apenas um. O titulo original é "Transcendendo Estereótipos", mas vai ser lançado com outro nome por uma decisão em conjunto com os editores.

Sobre o que trata o livro?
O livro "Transcendendo Estereótipos" é uma experiência visual e literária de um estilo de vida. Ilustrado com fotos de 300mm, explora o mundo do surf e o espírito artístico que envolve este esporte. Eu considero enigmático e inovador, que captura a essência da arte de surfar e as pessoas que fazem isso por amor.

Qual sua rotina de trabalho artístico? (Produção de camisetas, desenhos, poesia, fotos, textos para o blog).
Nenhuma rotina. A regra principal do movimento "Outra Cultura" é trabalhar sem regras. Mas, em termos de ritual, eu produzo quase tudo na calada da noite. Um bom vinho, boa musica ou as vezes simplesmente o completo silêncio.

UM LUGAR - Praia da Joaquina
UMA COR - Escura
UM SOM - Pesado
UMA IMAGEM - Sol e mar com ondas perfeitas
UMA FRASE - Enfrente o medo, pois atrás dele esta seu paraiso interior
UM SALVE - AVAI uh... AVAI uh... AVAI uh...
UM DIA - Vou morar em Floripa novamente e ver todos os meus amigos reunidos ao meu redor
TRÊS DESEJOS - Saúde, uma mulher, um filho.







(conheça mais sobre o trabalho de Alexandre Morelli através do blog outracultura-california.blogspot.com)